linhas sobreviventes
Nas linhas de seu rosto
Leio palavras não ditas
E, as palavras malditas
de desamor
perfídia
E, tristeza profunda e
profusa.
Nas linhas de sua mão
Há sortes, viagens
E mistérios...
Sua laboriosa mão
cansada
com calos
E com marcas invisíveis
de sangue e lágrimas,
de história e estórias.
Dormem em suas mãos
palmas, gestos e acenos
de adeus.
As despedidas incontáveis
sacudidas pela irreverência
de se expressar...
Nas linhas de teu corpo
Leio os desejos secretos
ainda mortos e
sepultados sob roupas,
encortinados da luz
do sol.
Essa morte lenta
Que chamam de crescimento
Envelhece-me.
Promove lixiviação
interna
de minhas ingenuidades,
de minhas esperanças românticas
E só sobra uma lucidez
amarga e
ávida por não acontecer.
Há nessas linhas todas
o emaranhado da alma
o traço incontido e
incompleto de sobrevivente
O sobrevivente em pleno deserto.