linhas sobreviventes

Nas linhas de seu rosto

Leio palavras não ditas

E, as palavras malditas

de desamor

perfídia

E, tristeza profunda e

profusa.

Nas linhas de sua mão

Há sortes, viagens

E mistérios...

Sua laboriosa mão

cansada

com calos

E com marcas invisíveis

de sangue e lágrimas,

de história e estórias.

Dormem em suas mãos

palmas, gestos e acenos

de adeus.

As despedidas incontáveis

sacudidas pela irreverência

de se expressar...

Nas linhas de teu corpo

Leio os desejos secretos

ainda mortos e

sepultados sob roupas,

encortinados da luz

do sol.

Essa morte lenta

Que chamam de crescimento

Envelhece-me.

Promove lixiviação

interna

de minhas ingenuidades,

de minhas esperanças românticas

E só sobra uma lucidez

amarga e

ávida por não acontecer.

Há nessas linhas todas

o emaranhado da alma

o traço incontido e

incompleto de sobrevivente

O sobrevivente em pleno deserto.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/07/2008
Código do texto: T1060648
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