GÊNESE
Minha poesia
Nasce
Sôfrega, quase moribunda
Escorregando pelas rachaduras
Do meu coração.
Viajando por nervos
Em frangalhos,
Indo parar
Nos dedos,
Trêmulos, medrosos.
Caindo dos olhos
Como lágrimas,
Desenhando um semblante
amargurado
Sob a máscara
Do poeta.
Que, como o ourives,
Tenta limar sua poesia
Até a perfeição.
Cada poesia
É parte do homem;
São os tijolos
Da casa
Onde a dor
Montou pousada.