TURBULÊNCIAS

TURBULÊNCIAS

20/06/2008

Neuza Maria Spínola

Venho de terras muito distantes,

Aonde só chego em pensamento,

Não tem mar, nem praia, nem maresia,

Sou barco de rio, à deriva, ao relento;

Minhas velas foram rasgadas pelo vento,

Nas águas, mergulhava cheia de fantasia,

Nadava devagar procurando calmaria

Entre mastros e ventos, encontrei muita agonia.

Vida que passou como enxurrada na descida,

Sonhos e quimeras que vão ficando abandonados,

Carreguei nos verdes olhos de amores tão sofridos,

Lembranças de sonhos há muito diluídos.

Na juventude, tive ilusões e fantasias,

Tive até uma estrela que se apaga e que pontilha,

Céu sem mar, uma estrada, simples trilha,

Nunca mais vi no horizonte, a minha ilha.

Atravessei sozinha, tortuosos caminhos,

Não pensei morrer como a águia, sem ninho,

Vim de longe, voei muito, enfrentei tormentas,

Depois de voar tanto, me debato em turbulências.

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