Desabafar Poético - VXII
Desabafar Poético VXII
ou "Breve Comentário Sobre a Covardia"
A noite cai em minha mente
Junto dela os fantasmas da introspecção
Num ar absorto que sempre desmente
Tudo aquilo que o manto negro soube esconder.
E vindo pelas janelas o vento frio
De uma lua desaparecida pelas sombras,
Tudo que os olhos tocam é negritude, escuridão;
Cobre o intimo como tempestade um pranto quente
É o medo que sempre bate de frente
e espanta a covarde coragem que mal me habita o seio.
Pegar a vida numa bandeja de prata e esquartejá-la
Seguir as razões que habitam no crânio alheio
E jamais ousar pensar outra misera vez...
Tudo isso é o que o povo do sol espera de mim,
Entretanto a lua e a solidão sempre foram minhas amantes.
Uma vontade solitária de correr em desventuras
Provocando os ímpetos sem vis amarguras...
Era isso o que eu sempre houvera eu desejado,
Até que nos olhos da noite vi todo fulgor levado...
Com asas calmas e frágeis e ar terreno,
Um vento morno que espanta toda a adversidade,
A mesma brisa suave que levou meu manto
Levou consigo o que me restava de coração
E me deixou sem entender o que seria de mim
Quando finalmente o trágico dia raiasse.