COPIOSAS LÁGRIMAS
por Regilene Rodrigues Neves
Hoje me recolho a uma devasta solidão
Ouço o choro das lágrimas em m’alma
Escorrendo em paredes finas e frágeis
Que temo romper as sombras
Que se erguem em mim
Num vazio copioso de dias melancólicos...
Oscilo alegrias e tristezas sentidas...
Sinto-me uma folha de papel
Aberta em branco sobre a alma
Entrelinhas transversais
Abertas a espera...
Não sei se de uma saudade
Ou de um amor
Ainda a ser escrito
De algum lugar em mim adormecido
Entre lágrimas... Porque choram?
Sei que traduzem uma dor
Mergulhada de profunda tristeza...
Não quisera chorar estas lágrimas
Ainda tinha tantos sorrisos de alegria,
Mas foram me roubando um a um
Sem que percebesse já chorava
E tinha esquecido meu último sorriso
Que volto procurando nesse caminho
De tristezas que fazem rastros em mim...
Adentro saudades... amores...
Voltando caminhos...
Risos soltos
De uma solidão que era ainda distante...
Vestida de alegria
Permitia-me sentir simplesmente
A felicidade esvoaçada
De doces aventuras...
Não versava sobre um papel
Em branco procurando
Entrelinhas de esperança
De reencontrar meus sorrisos...
Eles eram donos do absoluto
Propagados nos quatro ventos
Do hemisfério dos meus sonhos de alegrias...
E tudo agora que me resta
São copiosas lágrimas
Que persistem chorar...
Talvez um desabafo
Delas devolvam
Algum sorriso
Mesmo que tímido
Da minha alegria perdida...
Não importa, mas preciso sorrir...
Para espantar toda essa tristeza
Que me toma de um vazio
Que persiste em me afagar
Da sua tétrica ternura...
Preciso jogar fora esse lamento indócil
Que se acumula em tamanha solidão,
Para não mais sentir o exaspero das lágrimas
Copiosas em m’alma nessa forma vazia
De um papel em branco molhado
Dessa tristeza que se esvai alma adentro
De um soturno coração...
Em 14 de junho de 2008