Sonata em 4 Poemas
Poema I- Loucura!
Loucura, ah! Loucura!
Que beira as vagas do infinito!
Praia amorfa que abrigas
O meu coração tristonho e aflito!
Diz-me tu, calada amiga,
Porque ao pesar dou tal valor
Me absorvendo só em vis intrigas?
Tu és anjo e sagaz demônio!
Céu é a paz que te cerca.
Inferno, sou eu que te acompanho.
_______________________
Poema II
Insano Gemido
No sono que a dor conforta
Solto um insano gemido
Que se perde pelas trevas
Sem encontrar ouvido.
O conteudo desta dor
è um fruto do amor
Um canto desvairado
É um coração ferido
Um rélis queixume sujo
Uma emoção perdida
É falta de amores
É carencia de amigos.
Vai,dor profunda,
Rasga atreva da noite
Corta esse espesso veludo
Tesoura de amargura!
Faca do meu pecado,
Estilete afiado.
Impiedoso, retalhou
Meu vermelho coração.
Poema III
Os olhos gracejantes
Mirei os teus olhos num gracejo
Ingênuo e brincalhão
Dos olhos passei ao beijo
Da zombaria à escravidâo.
Toma cuidado, rapaz, com os olhos de mulher.
Da menina, da donzela, ou como a chamares,
Pois é assim que o homem perde a visão
Na sedução de dois olhares.
Ao resto do corpo te atira com fúria,
Devora, apalpa, te inflama,
Aí habita a casa da luxúria,
Nos olhos, a morada é de quem ama.
____________________
Poema IV
Boca Infinita
Seus lábios parecem uma enseada
Onde repousam, mansas,
As pombas-almas dos homens.
Vermelhos, transbordam vida,
Com graça e descontração,
Tão leves, duas estrelas
Pairando no céu,
Que se desdobram do infinito
E vêm tocar os lábios meus!
1992
Sonata em 4 poemas
___________________________
Nota
Escritos pelo poeta aos 16 anos de idade.