O FILHO DA LAVADEIRA
Silêncio. Morreu o filho da lavadeira.
O pai é um capinador do roçado.
Foi meningite. Sofreu durante um mês,
sobre um colchão de tecido listrado.
Não vai mais correr pra venda do Zé,
e pedir com voz fraca balinhas de dois centavos,
Nem ouvir ralhar ruidosa a mãe,
por brigar com o irmão e ficar bravo.
Ronda a sala o inconformado pai,
lavrador de Sol a Sol em fazenda perto.
Velou mudo o filho na tapera triste,
às margens de córrego a céu aberto.
Chora aos prantos de lado a professora,
bem que estava se apegando ao beabá.
E havia certa feita decorado a tabuada.
que para ela um dia repetiu sem gaguejar.
Passa perto chorando um amiguinho,
veio encomendar a alma o padre local.
Uma tia abraça a lacrimejante mãe.
a lembrar do presente do último natal.
Silêncio. Cai a tarde. Todos mudos.
aguardam pacientes o último adeus.
Ao filho da lavadeira que foi e não volta.
do destino eterno no encontro com Deus.