POEMA SEM NOME

Você tem o poder de se fazer perceber em cada nuca

Em cada cabelo, em cada jeito de mulher bonita

Há, em meus sonhos, uma você que me convence

Convence de que mereço algo maior

De que mereço a segurança do seu sorriso.

Injusta, a vida a manteve em outro lugar sempre

Mas, inversamente, me ânimo manteve e a mantém aqui

No abrigo visceral de meu mais profundo apreço e desejo

Enquanto o mundo físico se manteve e a mantém distante...

Tenho medo de que você não me venha nunca mais,

De que nunca mais me ame ou me veja ou esqueça de mim por completo

Mas eu tenho por certo que corro em você como chama branda...

E, por isso, me desespero.

Não quero a segurança da resposta ruim às minhas esperanças

Eu prefiro mesmo a dúvida que me provém medo

Mas não desespero.

Quem tem medo tem esperança, dizia Spinoza

E a esperança, em mim, é enorme...

Grande assim, pois a probabilidade de tê-la aqui

É tão pequena quanto você descrita em suas próprias palavras...

Seu léxico dispensa elogios, quais você não diz, mas os é.

É além quer ler o seu sorriso tímido

Você dá prazer até quando me permite dizer seu nome

Falar de você é exercitar o inconsciente, o abstrato

Pois o concreto e o racional não têm domínio sobre o sublime.