O CASTIGO

Por detrás da janela da sala, eu vejo o portão.

O portão de madeira na entrada de nossa casa,

Ele ainda esta caído, ele ainda esta no chão.

Por esse portão, passamos nossas vidas,

Fazendo planos; descarregando compras; saindo para passear.

Eram tantas as idas, eram tantas as vindas.

Muitos amigos passaram pelo portão.

Uns voltaram, outros não.

Passaram os passos pesados de nossos pais,

E lamentou; o portão conosco, quando eles não passaram mais.

Um dia pintei-o de preto

Você disse que não havia gostado.

Mudei para verde, então.

Seu olhar foi de reprovação.

Quando por fim ele ficou branco,

Você me disse a sorrir:

-Não é a cor do portão, e sim a força do coração que faz ele se abrir.

O portão viu nossos filhos crescerem,

Até ficarem da altura do muro.

Foi testemunha discreta,

De seus namoros no escuro.

Na entrada de nossa casa, jaz um portão caído.

Que ele fique assim; enquanto eu aqui residir.

Perdeu a razão de ser; perdeu a razão de existir.

Porquê ele; que era portão de entrada.

Esqueceu-se que era também de saída.

Não soube fechar-se a tempo.

Não soube evitar a sua partida.