Desabafar Poético - XVI
Eu não quero ter de perder o que tenho
Para ter em conciência o quão importante é...
Cada momento sereno e tadio da madrugada
Onde mãos que não se tocam espremem a distancia.
É verdade, o anjo tinha asas e caiu em terra
E eu sempre estive ligada ao céu dos olhos dele...
Porém as nuvens negras encobrem e transtornam o azul
Então vem a tempestade e tudo um dia tem seu fim.
Aquele que velava meu sono e minha insônia
Que me segurava como meu único porto seguro
É quem mais estas presas vis encravam...
Como um morcego que morde e anestesia.
Todavia este mensageiro da noite
Entregara-me a vida e o sonho, que por sinal
É tudo (e talvez só) o que tenho de mais valioso...
Estas mãos vis destroem tudo o que anseiam tocar;
O anjo é belo e envenena-me com as notas
O corvo é triste e me traz a paz...
Mas tais comparações jamais deveriam ser feitas
Pois nenhuma delas é digna de tal estupidez.
Entretanto queria eu esta noite, voltar a abir a porta
E olhar pelo vitreo caminho com a certeza do perdão
E assim ainda a possuir de fato o teu amor, tuas feridas,
E ter no ar o teu sorriso... Atenuar.
Pessoas ridículas escrevem coisas ridículas,
- Amantes são ridículos...
Entretanto mais verdadeiros que qualquer outro delírio
Que este infortúnio de viver poderia me dar.
Eu não tinha me acostumado a não sofrer por alguém
Passei os últimos anos que possuo na memória sofrendo
E apenas sonhando quando a sorte me apunhalava,
O resto era apenas trevas e solidão.
Por isso agora me sinto perdida e machuco tanto
Quem tanto amo... O Passado deve ser esquecido,
Pois nunca é bom ferir alguém que é tão frágil.
Um dia pagarei pelo preço de tantas lágrimas derramadas...