AMARGOS OCEANOS

Que olhares são esses, que se voltam para o horizonte?

Quanta ilusão pensar ser um passeio, estar nesse navio negreiro;

De mãos estendidas, aguardando por águas, onde não há fontes;

Despedaçado, tentando fazer-me acreditar que esteja inteiro!

Esses olhares são os mesmos que a cegueira fez enxergar;

Quando eles voam, lá em baixo fica seu mundo destruído;

Por não julgarem-se vencidos, eles tentam me encontrar;

Mas voarão em vão, já que nem eu me vejo, por estar perdido!

Eles atestam a mísera sorte que me abrasa;

Porque negam todos os óbvios, pra sonegar os meus merecimentos;

Os meus lamentos logo serão preteridos, como o infeliz cão sem casa;

O que me arrasa, são os escombros que me perseguem, desde meus rudimentos!

Não me perguntem porque se estanca o brilho dos meus olhares;

A sequidão não se generalizou, porque ainda lhe restou um mar;

A brutal estiagem, dá apenas nas minhas felicidades;

Mas meus olhares, são amargos oceanos, inundados pelo chorar!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 28/05/2008
Código do texto: T1009255
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