AMARGOS OCEANOS
Que olhares são esses, que se voltam para o horizonte?
Quanta ilusão pensar ser um passeio, estar nesse navio negreiro;
De mãos estendidas, aguardando por águas, onde não há fontes;
Despedaçado, tentando fazer-me acreditar que esteja inteiro!
Esses olhares são os mesmos que a cegueira fez enxergar;
Quando eles voam, lá em baixo fica seu mundo destruído;
Por não julgarem-se vencidos, eles tentam me encontrar;
Mas voarão em vão, já que nem eu me vejo, por estar perdido!
Eles atestam a mísera sorte que me abrasa;
Porque negam todos os óbvios, pra sonegar os meus merecimentos;
Os meus lamentos logo serão preteridos, como o infeliz cão sem casa;
O que me arrasa, são os escombros que me perseguem, desde meus rudimentos!
Não me perguntem porque se estanca o brilho dos meus olhares;
A sequidão não se generalizou, porque ainda lhe restou um mar;
A brutal estiagem, dá apenas nas minhas felicidades;
Mas meus olhares, são amargos oceanos, inundados pelo chorar!!