Atormentada
Atormentei as flores que encontrei pelo caminho
Arrancando-lhe sem pena, as pétalas rosadas
Sem temer jamais, qualquer inseto ou espinho
Que pudessem ferir minhas mãos já machucadas
Gritei com meus medos, os mesmos, que encontrei
Pelas calçadas das avenidas em chamas pelo calor
E ao chegar em casa só, nada mais encontrei
Que um pote de lágrimas e fel de amargo sabor
Amaldiçoei então, o dia em que vi o sol de janeiro
Invadir a casa, de janelas e portas todas fechadas
Eu que não queria ter de meu, nada que fosse inteiro
Além de minhas mágoas, todas bem guardadas!
Mas fui além do que qualquer um soube de mim
Atormentada por vozes e cores que não existem
Pintando de manhã, os lábios de puro carmim
E saindo à rua para que todos me vissem!
Poesia publicada na 25ª Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos
De 12/01/2006