Atormentada

Atormentei as flores que encontrei pelo caminho

Arrancando-lhe sem pena, as pétalas rosadas

Sem temer jamais, qualquer inseto ou espinho

Que pudessem ferir minhas mãos já machucadas

Gritei com meus medos, os mesmos, que encontrei

Pelas calçadas das avenidas em chamas pelo calor

E ao chegar em casa só, nada mais encontrei

Que um pote de lágrimas e fel de amargo sabor

Amaldiçoei então, o dia em que vi o sol de janeiro

Invadir a casa, de janelas e portas todas fechadas

Eu que não queria ter de meu, nada que fosse inteiro

Além de minhas mágoas, todas bem guardadas!

Mas fui além do que qualquer um soube de mim

Atormentada por vozes e cores que não existem

Pintando de manhã, os lábios de puro carmim

E saindo à rua para que todos me vissem!

Poesia publicada na 25ª Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos

De 12/01/2006

Flávia Jobstraibizer
Enviado por Flávia Jobstraibizer em 19/01/2006
Código do texto: T100675