À Meretriz
Aproxima-se o final de semana...
Sexta, sábado e domingo vou estar presa à uma cama;
Ao menos que se inverta o destino, não farei parte desse triste drama.
Incorporar-me-ei à vida fácil, de sexos e abraços...
Estamparei no meu rosto o sorriso do fracasso.
Nunca foi tão bom sorrir pelo "leite derramado".
Só assim acalmarei o meu cansaço...
E preparar-me-ei para me incomodar em outros braços.
As mãos fortes que deveriam me aquecer
No instante de prazer,
Gelam minha alma,...
Me põe em desespero, retirando toda a calma
Que não podem ser mostradas pela ausência do amor.
Há quem diga que essa vida é bandida,
Mas, mais criminoso é quem me proporciona a dor,
Causada pela oportunidade renegada.
É triste trazer no gozo,
O coro De quem tem no coração o choro....
De uma sofrida meretriz.
Ter que fingir que estou feliz
Que escolhi essa profissão porque eu quis...
Para ganhar a recompensa esperada
De quem do meu corpo se alimenta, paga.
Dura jornada que me fere,
Mais ofensivo ainda é o comentário que a persegue.
Em poucos minutos que parecem não ter fim...
Perco toda a minha moral,
Onde nem mesmo um animal
Merece ser tratado assim.
Me entrego de bandeja
Só para por em minha mesa...
Aquilo que pra mim,
Não pôde ser comprado sem ter alugado minha beleza.
Ainda há quem diga,
Que é fácil esta vida de pobreza e ferida...
Isolando-se dos amores,
Apagando as próprias cores...
Por ser uma mulher sem sentimentos,
Sendo apenas um objeto sexual usado num momento...
Para satisfazer os desejos de um bicho,
Trocando a felicidade pelo sofrimento.
É difícil ter vida fácil sendo meretriz,
Tendo como único momento feliz
O pagamento pelo triste ensejo infeliz.
Maximiniano J. M. da Silva - domingo, 02 de Dezembro de 2007