FETICHE...
FETICHE
(Poet Ha, Abilio Machado. 210508)
Meu nome
Seu nome
Um rasgo na cortina se abre
Uma vírgula em minha insônia
A sinfonia de teus gemidos
Ressoam pelo quarto
Eu em meus braços
O seu casaco jogado
Os cabelos arrabalde
Nos olhos uma vontade
Nos lábios os meus desejos
Um lampejo de loucura
Um estalo depois do gole
O néctar desce
Amargo e doce
Suave e seco
Tomado no seu melhor sapato
O vinho tem o gosto de você!
O teu salto
O teu ato...
Os teus exercícios
Nosso ninho é feito de delírios
Sentimentos desmedidos
No teu braço eu me perco
Me encontro
Me confundo...
É sinal do fim da estação
Não há mais trens
Nem crianças procurando tesouros nos porões
Não há mais roda e nem ciranda
Agora são espaços
Ora opacos ou ora iluminados
Pelo sorriso na face
De bela amante
Que no colo me deitei
Olho a rua deserta
Uma lágrima me é roubada pelo tempo
Eu olho... Apenas olho...
A vida passou...