FERA FERIDA
Quando, já exausta, me deito,
implorando ao sono que venha,
me bate forte a saudade,
que sem por mim ter piedade,
pelas lembranças se embrenha...
Como alimento da insônia,
começa sua incursão:
Penetra na minha mente,
planta da dor a semente
e aduba com a solidão...
Agarrando em minhas mãos,
para o passado me arrasta,
frágil, triste e abatida,
como uma fera ferida,
mais, essa dor me desgasta...
Nem mesmo um sonho de amor
para as sombras afastar,
só mesmo o peso da dor
da saudade a lacerar,
trazendo a mim as miragens
criadas pelo desejo
de um amor que tão distante
em mim não pensa um instante,
nem mais deseja meus beijos...