Saudade, minha mãe!
Com a face já pálida
Lembro-me que um dia
Tuas mãos alquebradas
Eram postas a rezar...
E rezavas calada
No quarto em silêncio
Mesmo se estavas
Tranqüila ou aflita!...
Pedias a Deus por teus filhos
Numa prece contrita
Mas não te esquecias dos filhos
De todas as mães do mundo
Desamparadas, exploradas...
Oravas por teus amigos carentes
Pelos teus inúmeros parentes
E tuas orações subiam ao céu
Em ondas calmas e surdas
Sem fazer escarcéu!
Nesse mar silencioso em que sempre oravas
De longe falavas com Deus nosso Pai!
Mas num dia de sol muito fraco
Após elevar tuas preces
E sem que tu soubesses
Partiste serena, envolta de bênçãos
Para o céu que tanto olhavas!
E, num doce e leve viajar
Saíste, materialmente, de nossa vida.
Mas lá onde estás
Continuas de mãos postas
No teu eterno velar!
Minha mãe, uma eterna saudade de ti!