Horas Mortas
HORAS MORTAS
Horas mortas, grandes corredores,
Do velho hospital,
Silêncio profundo ,
Espera de quê?
De um novo dia , da cura da esperança?
O relógio lá , no canto dele ,
No enorme pedestal de jacarandá , marcava as horas ,
O tempo que mãmãe tinha de vida!
Quando badalava ,seu som era triste ,
Melancólico , como a dizer :
-sinto muito – sinto muito!!
Nós duas eu e mãmãe esperávamos ...
Assim ,aquí juntas no banco do corredor .
Olhando de baixo para cima ele me parecia
Um totem grande, a controlar nossas vidas.
Eu e ela ,amigas juntas na alegria e na dor ,
Esperávamos e ouvíamos as suas badaladas!
Havia horas sem dor ,era bom ,ela contava –me histórias,
E até sorríamos de pequenas coisas...
Ela se foi ,Deus a chamou ...
Cansou –se de esperar ....
A doença ,sem cura a levou!
Exatamente , no mesmo lugar onde
Costumávamos a nos sentar , me encontro hoje
Ouvindo o velho relógio e esperando o meu tempo!