O Recife de antigamente

O Recife de outrora

tinha uma beleza singular.

As ruas de oitizeiros

parecia um enorme pomar.

Ao alvorecer ouvia-se a passarada

uma belíssima sinfonia a orquestrar.

Eu saía com a minha mãe

da rua do príncipe a caminhar

até a velha Fortaleza do Brum

sobre as pontes admirar.

A beleza dos rios Capibaribe, Beberibe,

Tranqüilos indo de encontro ao mar.

No trem maria fumaça

eu ficava contente em viajar,

vir a veneza brasileira

as novidades admirar.

Tomar sorvete na Botijinha

e pela rua Nova passear.

Recife da ponte giratória

onde os barcos tinham que passar,

Recifes dos sobrados antigos

e dos cais que os navios vinham atracar.

Dos carroceiros ambulantes.

Oh! Como eras bela ao luar

Recife dos cines de Luis Severiano

que as matinês vinham animar,

as moiçolas e os rapazes

que aos domingos iam namorar

no parque 13 de maio.

Oh! Que saudade me dá!

Recife dos vendedores pregões

de pipoca, pirulitos, amendubim,

dos roletes de cana caiana,

umbu-cajá, tapioca e munguzá.

Do Mercado de São José

onde guloseimas eu ia comprar.

Recife da Avenida Rio Branco

onde era proibido olhar

as mulheres muito espalhafatosas

com poucas roupas a usar,

onde homens velhos e jovens

os prazeres iam encontrar.

E eu curiosamente, não deixava de olhar

Recife dos antigos carnavais

que se costumava brincar

com confetes e serpentinas

e as marchinhas a cantar.

À noite brincava nos clubes

até o dia raiar.

Recife te quero muito

e para sempre vou te amar.

Recife, hoje olho para ti,

tenho vontade de chorar.

A bela Mauricéia relegada.

O teu passado é exemplar.

Os casaríos tão abandonados.

Tua história gloriosa não querem lembrar!