Finalmente, você

Longa e solitária, a espera é interminável...

Espera, sempre precedida de ansiedade.

Misto de alegria e apreensão. Aguardo.

Horas, dias, minutos. Tudo muito lento,

Como se o tempo estivesse enroscado em

invisível teia.

Vontade de vencer o tempo,

de impor-lhe minhas condições.

Dominar desejos, controlar ímpetos.

Triunfar.

Mil consultas ao relógio, sem ao menos

saber as horas.

Olhar atento, desperto, ansioso.

Pensamento viajante, distante.

Bate recordes de velocidade.

Traz você para cá, ao meu lado.

Algo sem a menor importância chama minha atenção.

Cadê você que estava aqui?

Como a neblina na manhã fria, você se dispersa.

Durou pouco.

Seu perfume ficou. Ainda sinto teu olhar.

Novamente só.

Uma certa angústia. Inquietude.

Tua ausência me debilita. Me deixa assim, incompleto.

Novamente o relógio.

A dúvida: virá?

Depois de tanto tempo, um século, talvez, virá?

Afasto o pensamento. Imagino tua chegada.

Sorriso leve, débil, inseguro. Desconforto.

Ar fresco, segurança, de novo o chão, sol.

Você chegou.

A vida chegou.