A CARTA SOBRE A CAMA
Sinto perfumes tentadores...
No ambiente não há flores.
De onde vêm esses odores?
De violetas multicores
Ou dos sentidos clamores
Das preces dos sofredores
Percorrendo os azulores
De límpidos céus interiores
Depois de dissipadas as dores?
Ou saem de femininos toucadores,
Dos frascos que os trovadores
Presenteavam seus amores?
Serão, por acaso, portadores
De mensagem dos orientadores
Vinda das esferas superiores?
Após muito indagar, tercetizar,
Percebi que os perfumes
Não vinham do céu nem do mar,
Tampouco das flores dos cumes
Das montanhas da saudade;
Mas da carta sobre a cama,
Entregue ao cair da tarde,
Pelo homem que me ama.
04/01/06.
(Maria Hilda de J. Alão)