Azul, eterno azul
Lembro de você aquela tarde
Aquele fim de dia demorado
Na profundidade dos teus olhos
Via o azul intenso intocado
Brilhando como se nunca pudesse ser sequer olhado
Nem atingido, muito menos infiltrado.
Via tua imensidão como se fosse o maior mistério do mundo
Mistério que quase pude tocar
No mais belo segundo
Música que senti dançar
Em volta daquele momento único
Naquela relva verde
Lembro de você naquela hora
Olhando pra mim como se eu fosse um bobo
Rindo-se e se deliciando em um sorriso
Ah aquele seu sorriso!
Seria o maior monstro do mundo se não me lembrasse
O céu tão azul parecia também sentir
A felicidade lentamente parecia emanar
O sol parecia fingir
Que não nos via e fazia sua dança devagar
E você sorria, declamávamos silenciosas palavras de amor.
E trocávamos aqueles olhares demorados
Mas eu mal lhe prestava atenção
Distraído como estava
Só tinha atenção para os seus olhos
E aquele azul vibrante
Elétrico e vivo
Aquele sorriso penetrante
Que da memória nunca saiu
Aquele momento marcante
Que nunca apaguei
No dia seguinte com mil planos a fazer
Você se foi ao céu
Pra combinar com seu azul
Você se foi num vôo tão rápido
Não me deixou nada além de lembrança
Nada além do teu gosto, do teu sincero calor.
Do fulgor do seu sorriso franco
Deixou apenas eu e a minha dor
Deixou apenas uma estrada em branco
Não sei como passei por aquele tempo tão dolorido e duro
Tentando esquecer eu fugi então para o mais distante sul
Mas nunca consegui apagar o seu sorriso tão belo e puro
Nem aquela tarde, nem teu sincero olhar de amor azul.