Perfume velho

Fantasma de olhos glaucos,

insistes em ficar sob minha pele,

em contaminar minha mente

com teu ácido fluído.

Agüenta o coração as gotas amargas

do teu perfume velho,

que amarga o sangue,

e amarga até o ar.

Já sei que não será mais

a penumbra em que tuas pernas

descansavam sobre aquela cama

que já não está.

Já não serão minhas mãos roedoras

na crosta nívea de tua pele.

Já não será tua calma

sobre meu peito sincero.

Guillermo Abraham

São Paulo, julho de 2003

Guillermo Abraham
Enviado por Guillermo Abraham em 03/04/2008
Código do texto: T929545
Classificação de conteúdo: seguro