Perfume velho
Fantasma de olhos glaucos,
insistes em ficar sob minha pele,
em contaminar minha mente
com teu ácido fluído.
Agüenta o coração as gotas amargas
do teu perfume velho,
que amarga o sangue,
e amarga até o ar.
Já sei que não será mais
a penumbra em que tuas pernas
descansavam sobre aquela cama
que já não está.
Já não serão minhas mãos roedoras
na crosta nívea de tua pele.
Já não será tua calma
sobre meu peito sincero.
Guillermo Abraham
São Paulo, julho de 2003