Sindrome do ninho vazio
SINDROME DO NINHO VAZIO
Quando me dei conta minha ninhada tinha partido.
Ovos chocados lançados ao vento sem direção
que tomaram rumo e se foram.
Na fragilidade da infância dava-lhes comida no bico
com mãos agarradas, fralda balançando,
treinamos os primeiros passos.
Logo, logo engatinhando incansavelmente
iam a seus mais longínquos destinos dentro da sala.
Por repetição, exaustiva,tudo aprenderam
e aprendem com o sempre.
Esqueci de mim de meu marido e de nossa vida
sem problemas
pois o tempo dedicado ao amor não tem preço.
Qual vantagem levo a cada descoberta deles
mesmo com seus sentimentos muitas vezes desoluzórios
pedindo colo com choro, independente da idade;
com afagos em seus cabelos premonizamos
suas confianças à vida.
Como que tendo que deixar que aconteça
no nosso silêncio suas vivencias
e não nos intrometendo no correr das águas.
Dolorosa sensação em meu peito calo
lembrando outrora um espinho
cravado naquele “pezinho” trazido com dor
e apenas um beijo sarava.
Amigos nos tornamos mais ainda
a cada abraço
a cada beijo
a cada afago...
Sentada ao lado do ninho vazio
tricoto pensamentos na casa, hoje vazia
silêncio quebrado por gritaria e correria de crianças
que se misturam na luz do sol
que entra pela janela do quarto.
Vejo o pó viajando lentamente naquela luz
como que se o tempo parasse ou podesse retroceder
fica no eco calado de súbito
meu amor por eles.
Hoje de mãos dadas com meu marido
tentamos reorganizar tarefas diárias;
descubro que fizemos nossa parte
cumprimos com honra e amor nossa benção
e aprendemos muito mais com nossos filhos
do que ao nosso alcance ensinamos.
Arrumo os ninhos
varro o chão do quarto
tiro o pó
e aguardo...
na primavera com saudade e alegria
uma visita migratória de meus pássaros alados.