Sindrome do ninho vazio

SINDROME DO NINHO VAZIO

Quando me dei conta minha ninhada tinha partido.

Ovos chocados lançados ao vento sem direção

que tomaram rumo e se foram.

Na fragilidade da infância dava-lhes comida no bico

com mãos agarradas, fralda balançando,

treinamos os primeiros passos.

Logo, logo engatinhando incansavelmente

iam a seus mais longínquos destinos dentro da sala.

Por repetição, exaustiva,tudo aprenderam

e aprendem com o sempre.

Esqueci de mim de meu marido e de nossa vida

sem problemas

pois o tempo dedicado ao amor não tem preço.

Qual vantagem levo a cada descoberta deles

mesmo com seus sentimentos muitas vezes desoluzórios

pedindo colo com choro, independente da idade;

com afagos em seus cabelos premonizamos

suas confianças à vida.

Como que tendo que deixar que aconteça

no nosso silêncio suas vivencias

e não nos intrometendo no correr das águas.

Dolorosa sensação em meu peito calo

lembrando outrora um espinho

cravado naquele “pezinho” trazido com dor

e apenas um beijo sarava.

Amigos nos tornamos mais ainda

a cada abraço

a cada beijo

a cada afago...

Sentada ao lado do ninho vazio

tricoto pensamentos na casa, hoje vazia

silêncio quebrado por gritaria e correria de crianças

que se misturam na luz do sol

que entra pela janela do quarto.

Vejo o pó viajando lentamente naquela luz

como que se o tempo parasse ou podesse retroceder

fica no eco calado de súbito

meu amor por eles.

Hoje de mãos dadas com meu marido

tentamos reorganizar tarefas diárias;

descubro que fizemos nossa parte

cumprimos com honra e amor nossa benção

e aprendemos muito mais com nossos filhos

do que ao nosso alcance ensinamos.

Arrumo os ninhos

varro o chão do quarto

tiro o pó

e aguardo...

na primavera com saudade e alegria

uma visita migratória de meus pássaros alados.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 25/12/2005
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