Fita Branca
Uma rosa vermelha perdida no chão do esquecimento
Lembrada como uma fita branca no pulso de donzela
- Oh vida, mas ó que vida bela...
Por que não acabas tu com meu sofrimento?
E não és de final um lamento? Relembrar pra esquecer...
Despedir segurando o pranto, fulgaz e assaltante,
É choro que fez tristemente acenar e estremecer
Correndo contra a lágrima que corre no rosto infante.
- Duro demais é ter de se despedir!
Recordar as noites de pernoitar em claro, durante anos,
Para um dia sentir as mãos antes intangíveis a te iludir
Com o tato que cega os sentidos e sufoca em atos insanos.
É doloroso em demasia ter de partir sem olhar pra trás
Pois tudo que foi deixado ficou ao relento no cais
Como o sol que se pôs a margem em despedida assim foi
De volta à sua terra, rubra na firme linha do horizonte...
E não há violência que esta fúria desconte
Pois sonhar às alturas do céu tem seu preço,
Acordar cadente inerte nas labaredas quentes
Do inferno... Este que eu tão bem conheço;
É azul o céu, é azul o olhar... Mas há nada que possa descontar
O pudor que se desfaz como a carne frágil ao toque da lâmina,
Ver dia virar noite dando assim lugar a mais sombria escuridão...
A saudade, a dor que tira os ânimos e mata o fogo da libertina,
O pranto que faz a despedida ser veloz aos deslumbrardes do coração.