SAUDADE                               

      
                                        


Deixa-te, saudade,
bater à porta,
sentar na varanda,
fazer amizade,
ver ir tão lenta 
a marcha da  tarde....

Eu te alimento
de minhas sombras pesadas,
como, um dia, alimentei-me do sol,
de suas horas douradas.

Senta-te comigo, aqui, agora,
sonha comigo
sobre essas minhas sombras cansadas...
Também há algus lumes incertos
nos meus olhos.
Talvez vestígios de estrelas apagadas.
Ajuda-me a reacendê-las
para que eu me ilumine
mesmo no nada...

Saudade, fica comigo nessa sexta hora.
Preciso acreditar
que ainda haverá, lá no fim,
um realejo, um beijo,
ou aquela minha mais bela flor
plantada na aurora.



 

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 12/03/2008
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T898332
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