NOÉ
Querido irmão, grande escritor e meu amigo;
Tua presença entre nós seria um alento!
E com versos, vou pedir que venhas comigo,
Emprestando- me teu inspirado talento...
Vou lembrar tuas peripécias variadas,
De dobrar orelhas, qual folha de papel,
Embutindo-as nos ouvidos, arrebatadas
De tua face, como nuvens cobrindo o céu.
Transeuntes assustados davam no pé,
Quando as orelhas de uma só vez explodiam
Em teu rosto e, em nós, gargalhadas qu’inté
Lágrimas brotavam, rolavam e caiam...
No campo de futebol: Ladrão! ...Xingavas,
Juiz ladrão! Arriscando tua própria vida
Pois, no meio da torcida contrária estavas
E a falta apitada, fora sim cometida.
Lembro como ficavas ao ser contrariado:
Certa vez, na espuma da cadeira, alfinetes
Colocastes, aguardando um pobre coitado
Que ao se sentar berrou... Um monte de verbetes!
Curiosidades a parte, escrevo agora,
De tua rara e lúcida inteligência
Apaixonada pelas letras, muito embora,
Criativa e competente, em qualquer ciência...
Garoto ainda, com belo conto ganhastes,
Concurso preparado para gente grande.
Para o tio Adolfo, discursos preparastes,
Fazendo das palavras fogo que se expande...
Cruzastes a vida qual estrela cadente:
Rápido, ligeiro e deixando teu rastro
Em meus olhos, no coração e em minha mente,
Sendo referência, qual bandeira em seu mastro...