Cruel Saudade
Dor que perfura
Como punhal,
Vingança maior,
Um golpe fatal
Que punge a alma
Aos poucos,
Derramando sangue
Ao invés de lágrimas.
Saudade,
Reminiscência que fica
Incrustada como pedra
Nas profundezas do espírito.
Ai que vontade de dar a mão ao passado,
Do amigo perdido,
Do pai amado,
Que não volta mais...
Que desejo inconseqüente
De detonar o presente
Destruindo o mal na raiz !
Vontade do abraço seguro,
Do afago paterno esquecido lá trás.
Ferida que abre
Num vem e vai,
Que não cicatriza,
Rompida,
Que sangra,
Machuca,
Persegue minh'alma,
E pune o apego
Sem culpa do vínculo
De estar neste infausto mundo.
Apaga coração,
Tudo de bom,
Doce recordação da minha infância
Para não sofrer mais.
Seca coração,
A ausência ingrata,
Retentivas malditas
Que teimam em ficar.
Será que fiz tanto
Na existência ou na outra,
Para ser excluída
De um amor cativo pela vida ?
Parecia eterno
E no entanto...
Se foi.
Só restou a saudade,
Lembranças que me abraçam, não mais.