Às Escuras

Devagar abri a gaveta

um forte cheiro de flor

tomou conta da sala

Na penumbra de um fim de tarde

meu coração acelerou

minhas mãos tremularam

De súbito me veio a memória

a velha flor por anos esquecida

aprisionada em meu caderno de rascunhos

Lembranças que ainda incomodam

verdades que religam o passado

ao presente onde sobrevivo à duras penas

Palavras vivas e libertas que saltam

de dentro da gaveta cheirando a passado

desnudando minha alma inquieta

Um frio me abate e num impulso

fecho a gaveta tentando conter o instante

tentando segurar as fugitivas lágrimas

Lágrimas que não chorei quando devia

que aprisionei, tranquei a sete chaves

junto ao medo de ousar, de ir além...

Olhosdepoeta
Enviado por Olhosdepoeta em 30/03/2005
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