Às Escuras
Devagar abri a gaveta
um forte cheiro de flor
tomou conta da sala
Na penumbra de um fim de tarde
meu coração acelerou
minhas mãos tremularam
De súbito me veio a memória
a velha flor por anos esquecida
aprisionada em meu caderno de rascunhos
Lembranças que ainda incomodam
verdades que religam o passado
ao presente onde sobrevivo à duras penas
Palavras vivas e libertas que saltam
de dentro da gaveta cheirando a passado
desnudando minha alma inquieta
Um frio me abate e num impulso
fecho a gaveta tentando conter o instante
tentando segurar as fugitivas lágrimas
Lágrimas que não chorei quando devia
que aprisionei, tranquei a sete chaves
junto ao medo de ousar, de ir além...