DESAGUANDO SAUDADE
Deságua o céu suas mágoas,
encharcando a terra com seu pesar.
Nuvens cinzas, desatinadas,
o vento em fortes rajadas,
numa chuva que não quer passar.
E eu, companheiro das águas,
de minha vidraça vejo tudo desabar.
Esperanças foram desenganadas;
as saudades, estilhaçadas,
num pranto que não quer cessar.
Saudade da vida, saudade do mar...
das pessoas que passavam e sorriam,
sem que pudessem pensar
que aquele a quem elas viam,
era um homem em perene desaguar...