CHUVA MANSA... SONHAR!
Ontem caia uma chuva mansinha...
Deitada na cama que um dia foi nossa
Meus pensamentos voaram ao léu...
Soltei as amarras, tudo o que me prendia
E saí, fui em busca do amor que é só meu...
Voei pelos ares, meu corpo foi leve
Sentindo da chuva, mansinhas as gotas...
Eram gotas de pérolas mil, nacaradas.
Eram lágrimas tristes de meiga saudade
Eram pérolas-sonho rolando no chão...
No banho de chuva meu rosto molhado
Desfez-se da dor e se foi, afobado,
Em busca do homem, do ser muito amado
Que busco e é tesouro do meu coração...
Entrei: tu estavas na sala sentado
Escrevendo as belezas que saem de tua mão...
Muito de leve, em sussurro, te disse baixinho,
– “Amor, meu amor, tenho sede e paixão!...”
Teu corpo estremece, tua alma emudece,
E tua mão pára... divagas então...
Teu sonho e meu sonho se encontram na tarde
São mãos que se unem, se apertam, procuram
Em carícias macias recuperar tempo vão...
Não há portas, janelas, que prendam o Amor...
Nos sonhos, um só, à cama voltamos
Entre beijos e abraços fazemos amor
Amamo-nos tanto...até anoitece.
Amamos de novo...Separar-nos? Oh, não!
E a noite adentramos assim abraçados
Pois nada separa uma grande paixão!
A noite passamos em doce magia...
O dia amanhece: “De novo?” dizias
“Aqui ainda é noite, é sonho, é ilusão!”
Deitamos de novo atravessados na cama,
Os corpos cansados... feliz lassidão...
Os olhos nos olhos cantavam cantigas
Há muito perdidas quando há solidão...
Músicas doces se fazem ouvir
Ternura e paixão se fazem sentir
O abraço é imenso querendo o porvir...
Então... alguém toca a campainha!...
O abraço termina, tua imagem se esvai,
Eu percebo de novo a chuva mansinha
E as pérolas-gotas descendo fininhas
Na janela do quarto; me fazem chorar...
Eu te amo e te sofro em meu doce penar...
Levanto... Abro a porta: há apenas ninguém...
Me jogo na cama e sinto o teu cheiro
As marcas do corpo no meu travesseiro,
Lençóis muito alvos bordados de seda...
Então, sem querer, sem vontade ou viver,
Encontro pedrinhas unidas, em prece,
Presente trazido de terras longínquas
Afirmando pra mim: “Não vou esquecer!”
Eu beijo as pedrinhas: de longe as trouxeste!
Um grande presente, o melhor, tu me deste!...
Chorando adormeço abraçada às pedrinhas
Macias certezas: um dia virás...
Macias pedrinhas... Meus beijos terás!...
Um dia os sonhos irão reviver
Teremos os dias e o anoitecer
Seremos um só para sempre! Verás!!...
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03 fev 2008