Quando tem chuva de manhã
Frágeis manhãs sonoras de água,
Lá fora pedras borbulham submersas no limo,
Paisagens que só a chuva revive, rios de pesar,
Sonoras batidas que a água maestra,
Como o verso da água pouca, que pedra perfura.
Alastra rasa feito impingem, pernoita impune,
Agua que vem dos galhos, folhas, entra no meu chão,
Ah! Frágeis manhãs sonoras, só de água...
Trazem meu paládio, meu palato, meu palácio?
Me pergunto sempre, se era, se já foi assim.
A saudade molhada traz o vulto passante, tormenta,
E como a água que trouxe, de tão belo és quase virtuso,
Eterna figura que vez em quando me assombra,
E que vez em quando também cisma em abençoar,
Quantas lembranças vêm nas frágeis manhãs,
Juntam pela quinas, minhas esquinas,
Pra me molhar, me afogar no meu próprio mar,
No mar que só a saudade consegue me levar.