fantasmas

Caço fantasmas da noite

Fico prendendo a densidade

de tudo no fundo do aquário da sala

Sob a sombra da lua,

recordo outras penumbras,

alumbramentos.

Desesperos mudos que soluçam sobre

cobertas quentes.

Sob a incessante tempestade

Milhões de litros de água lavam e fazem

escorrer o sangue

da selvageria diária,

da violência invisível.

Lá embaixo, no largo ouço o trote

de cavalos jovens em disparada,

Ouço também um coche distante a

arrastar lentamente sua sina

pelos caminhos de chão batido

Parece que acordei em outro tempo

Mas não me lembro do túnel

Meus longos cabelos encacheados caem

sobre meus ombros,

E, de repente me recordo

que eles nem eram

assim

Assusto-me com a descoberta

mas prossigo em

minha expedição às cegas

diante de mim, prosta-se um cavaleiro

Quase sorridente e de bigodes negros enormes.

Ele tira o chapéu da cabeça e

me cumprimenta

Faço um discreto aceno com a cabeça

E dou um sorriso de mona lisa

O vestido era todo rendado,

delicado mas havia algo em baixo dele

que me apertava quase me tirando o fôlego

até para andar

Quando mirei o chão para dar o primeiro passo:

Subitamente acordei.

Acordei encarando o travesseiro.

Ufa ! Era tudo um sonho.

Ou reminiscência de vida passada, sei lá.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/01/2008
Código do texto: T828923
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