fantasmas
Caço fantasmas da noite
Fico prendendo a densidade
de tudo no fundo do aquário da sala
Sob a sombra da lua,
recordo outras penumbras,
alumbramentos.
Desesperos mudos que soluçam sobre
cobertas quentes.
Sob a incessante tempestade
Milhões de litros de água lavam e fazem
escorrer o sangue
da selvageria diária,
da violência invisível.
Lá embaixo, no largo ouço o trote
de cavalos jovens em disparada,
Ouço também um coche distante a
arrastar lentamente sua sina
pelos caminhos de chão batido
Parece que acordei em outro tempo
Mas não me lembro do túnel
Meus longos cabelos encacheados caem
sobre meus ombros,
E, de repente me recordo
que eles nem eram
assim
Assusto-me com a descoberta
mas prossigo em
minha expedição às cegas
diante de mim, prosta-se um cavaleiro
Quase sorridente e de bigodes negros enormes.
Ele tira o chapéu da cabeça e
me cumprimenta
Faço um discreto aceno com a cabeça
E dou um sorriso de mona lisa
O vestido era todo rendado,
delicado mas havia algo em baixo dele
que me apertava quase me tirando o fôlego
até para andar
Quando mirei o chão para dar o primeiro passo:
Subitamente acordei.
Acordei encarando o travesseiro.
Ufa ! Era tudo um sonho.
Ou reminiscência de vida passada, sei lá.