Lajedo e Lágrimas
Lajedo e lágrimas
Coisa de menino, o louco natural de Deus!
Cria e recria todas as coisas ao seu redor
Entende de tudo é assim
Olha nem analisa, mas sabe fazer tudo melhor
Ontem fui menino faz pouco tempo
Ainda tenho as marcas nos joelhos
E as cabeças dos dedos arrancadas
Posso mostrar...
Metade de mim naquele lajeado
Coisa idiota !
Quem fez aquele lugar?
Só pedra sobre pedra lugar desconexo, lá eu ia pra chorar
Pensar nas batalhas da vida infantil
Um lajeado daquele seco
Podia ser liso pelo menos daria
Pra escorregar...
Ao invés de comer pedaços de mim
Minha carne arrancar!
São velhos machucados amigos
Ingratos das aventuras de menino
Lá também ia pescar...
Tomar banho, era um buraco de pedreira
Com muita água, eu, nem sabia nadar
Nado cachorrinho, garrafada as vezes boiar
Alegria era pegar uma piada
Ouvir canto dos pássaros
Passo-preto, cancão, sofrer, sabiá
Vida de menino badogue com mamona
Chinelo quebrado as vezes descalço
Tanto faz ! Quem liga?
Espinho no pé pra tirar
Pela-pela, urtiga, cansanção
Alegria das unhas
Era chorar coçar mijar na mão passar
Torcer pra aliviar!
Também quando chegar em casa
Uma boa surra iria tomar!
Cinturão de que mainha usava
Muita coisa doida da vida me fez se afastar
Dá saudade do tempo de menino
De cada aventura dos medos bobos
Até das coisas mais triviais
Do amanhã de aceitação das espinhas no rosto das roupas herdadas dos irmãos de coisas de quem foi criança humilde sabe lembrar
Talvez só mesmo de crescer
De não vencer na vida
De não ter mais meu cantinho meu lajeado pra me estropiar a cabeça do dedo
De não poder mudar o mundo ter meu lugar de sonhar
Naquele lugar descalço plantei minhas lágrimas
Por meus medos desse mundo chorei
Hoje cresci lutei venci e descobri que mesmo vivendo todos os meus medos tem horas que fecho os olhos apertando pra conter a emoção em lágrimas..
Quando o menino, homem, que sou preciso ser forte suficiente pra simplesmente chorar!
Eu choro e o mundo inteiro sabe.
Ricardo do Lago Matos