O dia em que você descansou
O ceu chorou comigo no dia que você descansou,
como se soubesse que minhas lagrimas não bastariam.
Molhou a terra que você viveu.
Molhou meu rosto cheio de traços teus.
No dia que você descansou, o café permaneceu quente,
na xícara que você bebia, com um lasco fino na porcelana.
Bebi como se contigo estivesse, sabendo que nunca mais estaria.
Os rostos que eu não mais reconhecia, me reconheceram pelos olhos seus,
falavam como se também me amassem,
lembrando do tanto de amor que me deu.
Me abraçaram enquanto lamentavam, o dia que você descansou.
No dia que você descansou, eu te vi diante de mim.
Não na caixa de madeira fria, pintada com verniz marrom.
Te vi na sandália esquecida na porta, como te esperando calçar e sair assobiando.
Te vi no caminho até o roçado, onde trabalharia no sol sem reclamar enquanto eu ficaria na sombra fazendo tranças em espigas de milho, e beberia agua na moringa que você sempre manteve fresca.
Sorri.
Guardei a imagem em meu peito, e desse modo criei um jeito de te ver sem te encontrar.
Te guardei no abraço apertado, nas musicas do roberto rei, no ceu azul congelado, no café, na coalhada e eu sei, que comigo ficou uma parte sua, e um pedaço meu sei que levou, meu amor que carregou consigo.
No dia em que você descansou.