A SAUDADE E O INFINITO
I
Sinto uma estranha saudade
A respeito do que não vivi
Ou do que quis e não pude viver,
Bem como suas cores idealizadas
Na memória do coração.
Nutro saudades do que até hoje alimenta
Os meus devaneios e os meus sonhos.
Saudade da beleza das paisagens
Que eu precisei um dia me despedir
Para talvez nunca mais retornar
Ou porventura redescobrir uma vez mais no porvir.
Saudades dos lugares magníficos:
Tão convidativos e aconchegantes!
E também de diáfanos ambientes propagando
Os bons ares de uma de felicidade sem motivo.
Saudade não só dos meus dias de infância,
Mas daquilo que já almejei no coração
E que um dia se apagou
Como uma chama extinguida
Pelo sopro do vento.
Saudade da canção que eu reencontrei
Repentinamente nos momentos de solidão
Ou até nos momentos festivos da vida.
Saudade de pessoas que se foram,
Umas que ainda vivem
(Mas que hoje, infelizmente,
Estão longe do meu convívio);
E outras que partiram para sempre
Ao deixar os resquícios
Do que de melhor puderam inspirar no meu ser.
II
A saudade é o sonho da alma
Por aquilo que nos marcou
De forma significativa e benfazeja.
É a inspiração do vasto que nos embevece.
Ser saudosista é conviver com um profundo sentir
Que nos remete a inocência da vida
E ao paraíso das situações
Mais doces e aprazíveis.
A saudade é o sentimento
Da ânsia profunda e às vezes inconsciente
Pelo infinito nas coisas passageiras e efêmeras.
É um sentir dolorido, mas que eterniza
O valor de algo nas lembranças mais vivas.
A saudade enquanto sentimento do infinito
Transforma tudo o que se foi
Num jardim florido de esperança
Que faz reviver o que parecia estar perdido
Numa parte de nossa alma.