A cada km

Lá vai o vento, a cada km

um velho amigo que escapa pelos dedos,

levando embora o som grave de um motor distante,

ecoando na estrada como um trovão que se despede.

A cada km no asfalto líquido,

memórias brilham como óleo derramado,

manchas dos sorrisos que restaram,

uma bússola que perdeu o norte,

mas ainda busca, ainda gira, sem destino.

Cada km é uma saudade mal lapidada,

rodas que cantam promessas nunca cumpridas,

e o chão que foge dos pneus como um segredo,

escondido entre o asfalto quente e o frio do metal.

Há um peso no peito , na imensidão invisivel

uma presença vazia que ainda vibra no recordar

Do aço que corta o vento,

sussurrando que o tempo não apaga as marcas.

Entre o deslumbre do caminho e o gosto do medo,

fica o rastro de um desejo inacabado,

não se perde a máquina, nem a estrada,

mas dentro grita a faísca, o tremor,

o lampejo da eternidade, que poderia ser, não foi, que passou, sem retorno.

E a cada km se apaga um pouco mais.

(@Rafa krek)

Rafa Krek
Enviado por Rafa Krek em 26/10/2024
Código do texto: T8182840
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