Mãe
Saudades de outrora
Da aurora de minha infância.
No auge da minha infamia,
Quisera fizeste presente
A desgarrada alegria
Que vez ou outra aparecia sem avisar.
Quem dera pudesse repousar
Nas plumas leves de um travesseiro
Recém colhido.
Ah se soubesse que o peso dos dias
Custassem tanto,
Causando dores imensuráveis,
Feridas mórbidas cicatrizando a céu acerto.
Quisera a outrora de meus dias
Fosse hoje,
Nem que fosse um pouquinho
Lá repousaria tranquilamente
A sombra de um afago carinhoso.
Quisera eu que a outrora de meus dias
Vestisse a coragem de ser presente
Trazendo consigo
A ilusão de que momentos eternos
São apenas ternas frações de segundo
Dentro da dialética temporal.
Quisera eu que o viço dos meus dias
Revivesse o sol dos dias quentes,
Marcado pelas memórias latentes
(Ainda quentes).
Moreira Neto 08/10/2024.