Teu colo
azul do céu
azul dos pássaros
azul do mar
andei à procura do vento
eu só queria te achar
subi ladeiras
cortei atalhos
não parei de caminhar
desarvorei
sorvi a essência
rastreei o perfume
não parei de andar
brindei
com a boca vermelha
um beijo cereja
um jeito rápido
um gosto doce de te encontrar
primavera
verão
outono e inverno
há tempos te conjugo
em versos tantos
que perdi as contas desse amar
nos bancos conjugados
apertados
numa fila complexa
pelo sonho me apaixonei
virei artista
alquimista
medalhista
transformista
empunhei armas
joguei flores
não desisti
corri
vaguei
flutuei
abri o coração
contei tudo
toda minha paixão
eu narrei
nesse vai
nesse vem
hoje eu sei
extrapolei
enlouqueci
sofri e chorei
cantei
dancei
pulei muros
no clarão do dia
no brilho da lua
que me cobria
viajei
naveguei
mergulhei
fui ao fundo do poço
resgatei lembranças
memórias de um tempo
perdidas
não vacilei
subi no teu colo
me ajeitei
no silêncio
de uma magia qualquer
numa hora bendita
entre o bem
e o mal me quer
me debrucei sobre teu corpo
meus dentes
em teu pescoço cravei
sorri
e de novo
me ajeitei
e foi por ti
e só a ti me entreguei...
- Cau Lanza -