264°
Gosto da lembrança que me dói
Descobri que posso me curar
E a cura acontece processualmente
São etapas da vida que são necessárias
Para me tornar o que sou
Estou em movimento e modifico-me
Amadureci depois do estrago
Segui a minha vida e ressignifiquei
Passei a escrever o que sentia
Passei a assassinar a minha saudade
Eu queria o tempo todo as lembranças
Machuquei-me com a navalha do isolamento
Fui um precavido ermitão urbano
Abdicando da própria vida
Para viver a vida do outro
Aprender que a vida são processos
Me fez aceitar a dor que me dilacera
Otreblig Solrac - O poeta burro