MOSAICO FRAGMENTADO

Onde estarão meus pedaços, perdidos,

Fragmentos de um amor que foi profundo,

Quebrados nas promessas, em sonhos coloridos,

Na inocência de um querer que era oriundo.

Quando confiei em olhares de encanto,

E a sorte, em seu jogo, me fez acreditar,

Hoje indago ao acaso, em triste espanto,

Por onde andam, em que canto a vagar?

Serão frutos de amor, em jardins distantes,

Que florescem em corações que não são meus?

Ou serão ecos de risos, em silêncios constantes,

Dispensados como folhas, ao vento, em adeus?

Talvez estejam em almas que nunca conheci,

Resplandecendo em mosaicos, em lares sem par,

Mas ao olhar para o céu, eu ainda assim vi,

Um brilho que reluz, como um farol a guiar.

Quis meu amor, lavar cacos em prantos,

Para que outra não cole, não misture o que há,

Mas quem sou eu, senão sombra entre tantos,

Buscando, nos fragmentos, o que me restará?

E se um dia, em um gesto, eu os reencontrar,

Será que saberão que foram parte de mim?

Ou estarão tão distantes, prontos a se apagar,

Como estrelas que brilham, mas nunca têm fim?

Por onde andam, oh sorte, meus pedaços perdidos?

Em que braços, em que risos, se escondem, a vagar?

Em cada amor que se vai, em cada sonho partido,

Ainda espero um sinal, uma voz a me chamar.

Assim, sigo, indagando ao destino e ao acaso,

Na dança dos sentimentos, entre o amor e a dor,

Onde estarão meus pedaços, nesse vasto compasso,

Se não souberem de mim, como saberão do amor?