Quando meus pés pisavam o chão.
Eu já morei em barraco,
tive uma casinha e, depois, um casão.
Andei a pé, andei de ônibus,
tive um carrinho e depois, um carrão.
Mas o curioso é olhar para trás,
quando a vida era de escassez e confusão,
perceber que sinto saudade das Ruas de barro
e quando meus pés pisavam o seu chão.
Peço explicação aos doutores,
sobre a natureza desses sentimentos.
Pois se pudesse trocava qualquer sofisticação,
para reviver aqueles momentos.
Não tinha nenhum trocado no bolso
e mesmo assim não tinha medo de nada.
Me sentia forte, me sentia vivo,
ansiava a surpresa de uma nova jornada.
Tinha todos os meus amigos comigo,
sem saber que o tempo há de passar.
Até o futuro chegar no meu quintal,
dizendo que chega sem avisar.
Vi que encheram as ruas com concreto,
até os matos cortaram todos.
Tudo ficou meio cinza,
A comida perdeu o gosto.
Meus cabelos ficaram brancos,
sem mencionar o que caiu.
Eu mudando de canto em canto
e no meu peito, um vazio.
Então me lembro que já morei em barraco,
Que tive uma casinha e, depois, um casão.
Que andei a pé, andei de ônibus,
Tive um carrinho e depois, um carrão.
Mas ao olhar para trás,
quando a vida era de aparente escassez e confusão,
eu sinto saudade das Ruas de barro
e quando meus pés pisavam o seu chão.