Noite

Noite clara, é lua cheia. Noite em claro.

Pergunto: Vai passar?

Respondo: Sim, eu sei que vai passar!

Argumento: Mas também sei que o remédio para essa cura é amargo demais.

De repente tenho que matar você dentro de mim. Aquilo que ontem era a razão da minha felicidade. Era algo novo, não era árvore, apenas broto, mas vinha viçoso.

A verdade é que se mutilar é algo anormal. Agora entendo o que sentiu Abraão, quando inquirido por Deus, a imolar o seu próprio filho. O que me pede, muito se assemelha a isso.

Desde então ando no encalço doloroso de argumentos que justifiquem esse fato, nessa busca me apeguei aos seus pequenos defeitos com lupa gigante tentando me enganar e tornar sensato o meu ato. Em vão!

Deito na cama. Começa a batalha, uma luta entre a necessidade do sono, descanso do corpo, e a reação psíquica devido à abstinência de você. Que droga!

As horas passam... O galo canta anunciando novo dia. A grande cama, metade vazia, pequena para o meu corpo inquieto. Vai passar... Eu sei... Argumento...

Dalfré
Enviado por Dalfré em 12/01/2008
Código do texto: T814466