Me descobri poeta
Sempre atrás de quem eu era,
Na realidade,
Nunca gostei do que me tornei,
Sou as culpas do passado,
Multiplicado pelo o modo inconsciente,
De me influenciar por opiniões alheias,
Diminuído ao interesse de amizades,
E somado ao fato de apesar do tempo percorrido,
Ainda estou perdido,
Dividido,
Talvez,
Em várias personalidades.
Não parado,
Sempre caminhando por todo lado,
Apreciando frestas,
Explorando cantos,
E ainda,
Recolhendo opiniões,
Que nada mais são que julgamentos,
Baseados a partir de traumas vivido pelos outros,
Ou mera egocentricidade.
Nostálgico!
Quero meu velho estilo de vida,
Voltar ao mato,
Ter contato com a terra,
Saborear a deliciosa canelinha no bar do Dudu,
Minhas calças perfumadas por estrume do gado,
Meu velho sapato de couro,
Um camisão,
De mangas dobradas,
E justamente amassado,
Jogado por fora da calça.
Meu chapéu de palha,
O cinto de couro.
Cavalinho,
Enrolado em palha do milho,
Aquecendo o peito,
Daquele jovem sertanejo.
Queria a inocência,
De pensar que não há limites.
Que amizades sinceras,
São muitas,
Ainda existem.
De que o verdadeiro amor,
Deve ser escondido,
Dos pais da moça,
Mais gostoso,
Quando proíbido.
Queria ter ainda forças nas pernas,
Para voltar a caminhar por noites sem fim.
Desejo o medo das histórias,
Das coisas do outro mundo.
A fogueira aquecendo,
Aquele monte de meninos,
Da viola,
Tirava acordes,
E a pinga,
Dando a tudo um exuberante colorido.
Tempo não volta,
E vida tem fim,
Hoje,
Apenas hoje,
Me descobri poeta,
Que conta causos,
Tirados de lembranças,
Realidades?
Ou uma ilusão sem fim?
Não sei,
Só cansei do absurdo.
E hoje palavras,
Fazem parte do meu mundo,
Pois não se calam,
Nem se acabam,
São como legos,
De encaixe certo,
Novas formas,
Novos elos,
E apenas a morte,
Determina o fim.