VELHOS COMPANHEIROS
Os dois gostavam de conversar.
Sentavam-se no degrauzinho do portão de entrada. Eram grandes amigos.
Gostavam de trocar ideias, confabular.
E engraçado, traziam a mesma ternura no olhar.
Ele era bem mais velho que a moça que se sentava ali. Era o pai dela.
E falavam, falavam. A conversa parecia não ter fim.
O portão ficava ao lado de um jardim.
E o perfume das flores vinha aromatizar a conversa deles.
-- Meu pai, estas murtas estão tão lindas.
-- Sim, minha filha. Estão mesmo.
E falavam de abelhas, de natureza.
Eram papos sadios e profícuos.
Ah! Velhos tempos!
Hoje me bateu uma saudade, porque a moça que ali conversava era eu e o meu italianinho há tanto tempo precisou partir. Era sua hora de ir.
Quando o pai da gente é aquele cara especial que se senta no degrau para conversar, a nossa alma fica marcada.
Há horas, meu pai, em que dou risada.
Das lembranças. Das conversas que tínhamos.
E dá uma saudade.
De um abraço teu, uma palavra tua... um olhar...
dá uma vontade!