VELHOS COMPANHEIROS

Os dois gostavam de conversar.

Sentavam-se no degrauzinho do portão de entrada. Eram grandes amigos.

Gostavam de trocar ideias, confabular.

E engraçado, traziam a mesma ternura no olhar.

Ele era bem mais velho que a moça que se sentava ali. Era o pai dela.

E falavam, falavam. A conversa parecia não ter fim.

O portão ficava ao lado de um jardim.

E o perfume das flores vinha aromatizar a conversa deles.

-- Meu pai, estas murtas estão tão lindas.

-- Sim, minha filha. Estão mesmo.

E falavam de abelhas, de natureza.

Eram papos sadios e profícuos.

Ah! Velhos tempos!

Hoje me bateu uma saudade, porque a moça que ali conversava era eu e o meu italianinho há tanto tempo precisou partir. Era sua hora de ir.

Quando o pai da gente é aquele cara especial que se senta no degrau para conversar, a nossa alma fica marcada.

Há horas, meu pai, em que dou risada.

Das lembranças. Das conversas que tínhamos.

E dá uma saudade.

De um abraço teu, uma palavra tua... um olhar...

dá uma vontade!

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 27/08/2024
Código do texto: T8138357
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.