COTIDIANO

Porque vives

A me fitar?

Com esses olhos negros...

Fulgurantes.

Exigindo-me compaixão...

Sentimento sem razão...

Mistérios do coração.

Porque suplicas

Meu perdão?

Se não posso dizer não...

Nem tampouco te beijar.

Saudades e ilusão...

Momentos de indignação...

Enigmas da paixão,

Desventura ou despertar.

Sinto-me exausto...

Pois, tanto ponderei...

Às vezes exagerei...

Momentos de lucidez...

Ou de uma terna loucura.

Naveguei no seu mar...

Revoltoso divagar...

Apenas um medo de deixar...

De simplesmente te amar.

Montes Claros/MG, 23 de maio de 1995.