NÃO PODEREI VOLTAR
Ah, mãe! O seu fogão!
Aquele que ardia em delícias
E crepitava seu amor quentinho por nós,
Mãe, o seu fogão!
Não voltarei à beira dele naquela cozinha,
A lenha acesa não mais perfumará
O raiar dos dias, nunca mais!
O seu chamado para eu acordar
Também não mais ouvi
E o som inigualável da sua voz
Perdeu -se na fumaça do tempo,
Que o vento levou.
Aquela fatia de pão com manteiga
E a canequinha de leite com café
Também se evaporaram pela larga janela,
Onde tudo era tão nosso!
Não posso mais voltar lá, mãe,
Veja que horríveis são os caminhos do tempo!
Eu queria tanto enxugar meus olhos no seu avental
E secar esta ferida de saudade
No calor daquele fogão.
Tudo se apagou e esfriou
No frio piso das ausências,
Restam as lembranças, mãe,
Que são suas e tantas!
Dalva Molina Mansano
20.08.24