Saudade
Saudade
A saudade queima em mim, insistente,
um círio ardendo por intocáveis astros,
retorcendo as garras do Tempo que, impotente,
dá meia volta, fugindo sem deixar rastros
As chamas se alastram e o coração devoram,
o consomem, transformando em cinzas
até mesmo as lágrimas que ainda choram
E assim desfalece o coração, sufocado em sua desdita
Quando o corpo, devastado, recobra os sentidos
os olhos, turvos, não encontram o que lhes era querido,
Em meio à intempérie, as palavras não ditas
vêm pairando ao redor como fuligem, perdidas
Mas o Infortúnio que tudo corrói, sem escapatória,
não consegue avançar onde te guardei,em uma parte,
protegido pelo afeto que em minh’alma plantaste
e assim te carrego comigo, do lado de dentro,
no espaço da memória