Terra natal
Aprendi a gostar da serra venturosa,
Que recorta suave o céu do nascente,
Onde a luz do dia começa vistosa,
Onde nasce uma fonte transparente,
Lá dorme a noite fresca e melindrosa,
Com um hálito doce e boca silente.
Gosto também do azul do mar, impossível,
Ruidoso no seu jeito suave de ser,
Do vento que lhe acaricia invisível,
Confessando segredos ao lhe dizer,
Que beijar a praia é um ato imersível,
E que sem ela é impossível viver.
Amo o sertão que a terra nua aquece,
Mas, em noite de lua, não há igual luar,
Onde o aboio do vaqueiro se parece,
Uma canção materna ao filho ninar,
Ou ainda a chuva desejada numa prece,
Carece a saudade do jeito de amar.
Escravo de ti vive meu pensamento,
Minha querida estância, terra natal,
Quisera respirar de ti o mesmo vento,
Que um dia distante a mim foi vital,
De toda lembrança me restou um alento,
A mulher que amei fez de você imortal.