Tia Maria

Na nossa família

Tinha a tia Maria

Uma velhinha magrinha

Uma mulher simples

A tia avó do meu pai

Faleceu com cento e quinze anos

Era lúcida e costurava sem óculos.

Morava numa casinha de chão batido

O fogo era no chão, um borralho.

Panela pendurada no gancho.

Chaleira preta esquentava água

Para fazer o chimarrão.

Com a tia Maria também morava

A tia Gabriela, vestido comprido,

Que arrastava no chão...

Ela era mais séria de poucos sorrisos.

As crianças gostavam de visitar as velhinhas

Escutar as histórias das revoluções

Boi Tatá e do Negrinho do Pastoreio.

A mãe mandava nós levar presentes

Para as velhinhas, um pão ou carne.

Elas gostavam de mim e do meu irmão

A tia Maria dizia a Maria e o José

São obedientes. Mas, o Antonio

O nosso irmão mais velho era muito

Desinquieto, sentava perto do fogo,

E bagunçava o Borralho, tirava o tição, para o lado.

E a cinza levantava, em cima da cambona de café.

Eu gostava demais dessas anciãs

Elas tinham tanta sabedoria e vivências.

Hoje restaram as belas lembranças

Do tempo de outrora que longe vai.

Edisj
Enviado por Edisj em 15/08/2024
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