LAMPARINA...#M#
Ontem a energia caiu,
Faltou luz.
Acendi uma vela.
Pus-me a mirar
Sua tenue chama
Que apenas a um pequeno
Circulo dava claridade amarelecida.
Assim aquietada,
Assenhorei-me das lembranças em saltos na memória.
Lembrei da lamparina a querosene.
Seu pavio em chamas,
Sua asa .
Lamparina de Aladim _ quem dera!
Outra fonte de luz
Eu não conhecia
Eu era bicho do mato.
Meu habitat natural:
Tugúrio rodeado de marmeleiros, mandacaru,
xique-xique, catingueiras, juremas e anjicos...
Além de cobras e largatos,
Urubus e rolinhas rodopiavam os céus anis
Desenhado por nuvens braquissimas
Onde a imaginação também voava,
Ganhava formas.
No negrume da noite
A fuligem da alma, em contrição,
Olhar fixo na lamparina que atraia meu olhar,
Atenuava meus medos.
Ontem faltou luz
Acendi a minha lamparina!...
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Não podia deixar de postar tão belo poema. Obrigada querida poetisa:
Monstros internos Em memória, aquele espaço sagrado da minha infância ainda guarda a velha lamparina acesa, protegendo-me dos monstros que habitavam as trevas noturnas; monstros que se alimentavam do meu medo inocente ante os relatos assombrosos e alternados de adultos incautos. Hoje vejo que aqueles monstros nem eram tão monstros assim, pois se rendiam – num piscar de olhos – à luz azul de uma velha lamparina. Monstros são estes que trago em mim; que tolhem meus passos e aniquilam minha alma no breu das noites insones e em dias de sol a pino, ininterruptamente...
( Maria Aparecida Giacomini Dóro)